Pedalando por Sukhothai: Onde a Primeira Capital da Tailândia Virou Memória

Se você gosta de história, templos e experiências autênticas de viagem, precisa considerar incluir Sukhothai no seu roteiro pela Tailândia.

Muita gente não sabe, mas Sukhothai foi a primeira capital do que hoje conhecemos como Tailândia, lá no século XIII. Culturalmente rica e cheia de simbolismo, essa cidade histórica fica localizada entre Bangkok e Chiang Mai, no coração do país. Um verdadeiro tesouro — e uma surpresa linda na minha jornada pelo Sudeste Asiático.

Como Cheguei

A minha viagem para Sukhothai aconteceu durante um mês que passei viajando sozinho pela Tailândia. Saí de Bangkok e decidi experimentar o voo da Bangkok Airways, a única companhia aérea com voos diretos até lá.

Um Mergulho na História

Sempre fui apaixonado por história. Gosto de caminhar por ruínas, observar detalhes de templos budistas, imaginar o que já foi vivido ali. Então, visitar o Parque Histórico de Sukhothai foi mais que turismo — foi um momento profundo de conexão. O parque é gigantesco, muito bem conservado, com cerca de 18 templos espalhados entre espelhos d’água cobertos por flores de lótus. A cidade estava tranquila, quase sem turistas. Perfeita para quem busca uma experiência mais contemplativa.

Agora, uma parte curiosa e inesquecível: andar de bicicleta. Pode parecer simples, mas eu não pedalava há mais de 20 anos. E, com meus 2,10 m de altura, não foi exatamente fácil encontrar uma bicicleta.

Lembro que o pessoal do hotel me levou até a loja de aluguel de bikes e houve um certo caos — muita conversa em tailandês, apontando bicicletas pra lá e pra cá, até que alguém apareceu com uma que eu apelidei carinhosamente de “modelo Santos Dumont” e disseram: “Vai!”.

E eu fui. Peguei o mapa, atravessei a rua, paguei a entrada do parque a e passei o dia todo pedalando entre templos e estátuas de Buda.

Meditação Diante do Buda Gigante

Uma das experiências mais profundas que tive foi no Wat Si Chum, lar do Buda mais famoso de Sukhothai. Entrei sozinho no templo e me sentei em silêncio por quase uma hora. Foi uma das meditações mais intensas da minha vida. O silêncio, a atmosfera, a sensação de estar ali, completamente presente, sem pressa, foi algo que nunca vou esquecer.

Sabores de Sukhothai

A culinária local também me surpreendeu. Uma das especialidades é a flor da bananeira, usada em saladas e pratos típicos, com uma textura que lembra broto de feijão.

Outro prato que me marcou foi o macarrão típico de Sukhothai — uma massa de arroz mais seca, feita na wok, com frango ou porco e molho agridoce. Ao contrário de muitas outras massas do Sudeste Asiático, que vêm em caldo, essa tem uma textura mais próxima do nosso paladar ocidental.

Onde Ficar

Sukhothai tem opções modestas de hospedagem e há poucos hotéis. Muitos grupos turísticos que fazem de Bangkok a Chiang Mai em uma semana, fazem apenas uma parada rápida e seguem, mas eu recomendo fortemente pelo menos uma ou duas noites. A cidade merece ser explorada com calma.

De Sukhothai a Chiang Mai

Depois de Sukhothai, segui viagem de ônibus até Chiang Mai. O ônibus era local, simples, mas a experiência foi incrível. Sentei ao lado de um monge, troquei olhares e risos com os passageiros, e vivi uma daquelas cenas que parecem pequenas, mas são inesquecíveis. Foi um momento de reflexão, de pausa, de gratidão. Sukhothai pode não estar na rota tradicional dos viajantes, mas deveria. É uma cidade que fala de onde a Tailândia começou — sua escrita, sua espiritualidade, sua arquitetura e seus sabores. Se você, como eu, gosta de ruínas, história e experiências genuínas, não deixe de incluir Sukhothai no seu roteiro entre Bangkok e o norte do país. Não é só um destino: é uma memória que fica.